O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criticou a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de barrar a candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva às eleições de outubro no Brasil. Maduro disse que a “oligarquia do continente” pretende “calar a voz” de uma nação. Em um texto no Twitter, o venezuelano pediu “força, Brasil”. “Somos milhões de Lulas”, escreveu. “Levanto a voz junto ao povo brasileiro diante do atropelamento contra o irmão Lula”, afirmou Maduro.
Por 6 votos a 1, o TSE decidiu impugnar a candidatura de Lula à Presidência com base na Lei da Ficha Limpa. O petista cumpre uma pena de 12 anos de prisão em Curitiba por sua condenação no caso do triplex no Guarujá.
Maduro, por sua vez, enfrenta uma grave crise política e social na Venezuela, causada por problemas econômicos e de desabastecimento que obrigaram milhões de cidadãos a fugirem do país.
Cassação política
O PT divulgou nota sobre a decisão do TSE que rejeitou a candidatura de Lula à Presidência. A sigla afirma que continuará “lutando por todos os meios para garantir sua candidatura nas eleições de 7 de outubro”. Em outro trecho, compara o indeferimento da candidatura de Lula a uma cassação política, “baseada na mentira e no arbítrio, como se fazia no tempo da ditadura”.
Segundo a nota, “é mentira que a Lei da Ficha Limpa impediria a candidatura de quem foi condenado em segunda instância”. O PT alega que “o artigo 26-C desta Lei diz que a inelegibilidade pode ser suspensa quando houver recurso plausível a ser julgado. E Lula tem recursos tramitando no STJ e no STF contra a sentença arbitrária”.
O voto do ministro Luís Roberto Barroso também é contestado pelo PT. “É falso o argumento de que o TSE teria de decidir sobre o registro de Lula antes do horário eleitoral”, diz a nota. “Os prazos foram atropelados com o objetivo de excluir Lula”, completa.
Repercussão internacional
A decisão do TSE repercutiu na imprensa internacional no sábado (01). O jornal La Nacion, da vizinha Argentina, chamou a candidatura de Lula de “polêmica” e comentou que a decisão do TSE “encerra as especulações” sobre o petista.
“Já passava da meia-noite, em uma sessão extraordinária em Brasília que se estendeu por mais de 10 horas, a maioria do TSE, por seis votos contra um, decidiu impugnar a polêmica candidatura do líder máximo do PT ao considerar que ia contra a legislação que proíbe que uma pessoa condenada em segunda instância concorra a um cargo eletivo”, escreveu o jornal.
Na Itália, o La Repubblica destacou que, “durante a longa sessão do TSE, os magistrados se convenceram de que não há dúvidas quanto ao fato de Lula ficar inelegível com base na ‘lei da ficha limpa’”, e que o único ministro que votou a favor do petista, Edson Fachin, “se fez com base na carta do Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) que pedia o direito de Lula de se candidatar até que todos os recursos de sua condenação fossem votados”.
Já o Corriere dela Sera afirmou que, apesar da decisão do TSE, Lula “continua sendo o mais amado pelo voto”, liderando as pesquisas de intenção de voto. “A esquerda agora se encontra sem um candidato e o país corre o risco de cair nas mãos de um perigoso fascista como o ex-militar Jair Bolsonaro”, ressaltou o diário.
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